Como me senti nos últimos dias!
Do deserto à tempestade...
Não sei bem como nem porquê mas a chegada do Verão e desta época confusa de ir de férias, depois ir trabalhar, para depois ter mais um período de férias e para retomar outra vez o trabalho, costuma a afetar-me bastante.
Acho que sair da rotina, planear outros locais, sítios e rotinas, especialmente para as crianças porque os pais não têm tanto tempo de férias, faz com que facilmente nos esqueçamos do que é mais importante!
Nós esquecemos-nos DELE! Eu coloquei-O em segundo plano.
No ano passado, alguém me disse que todos nós temos um tempo de deserto. Acho que foi do Sr.. Padre que ouvi isto. A determinada altura parece que andamos a divagar. Mas nesses períodos devemos procurar cultivar, aproximar-nos e confiar, apesar de nos sentirmos ....., melhor, apesar de "não sentirmos"!
Num destes ultimos dias, em que tivemos uma noite de trovões, sentei-me na varanda a observar esta beleza da natureza e a saborear esse momento extraordinário: trovões e relâmpagos em plena noite quente de verão.
E ao pensar na dualidade do deserto/tempestade, caí em mim!
Apercebi-me que nós já não estávamos a rezar todos juntos à noite junto do nosso cantinho de oração, que o Xavier estava somente a ter histórias de Piratas (as suas preferidas) e nenhuma da bíblia, que eu tinha parado as minhas leituras, que não estava a visitar (virtualmente) as outras Famílias de Caná, que há muito que não renovava as flores do nosso canto de Oração, que não estava a rezar o terço diariamente, que não estava a ouvir os programas áudio que habitualmente oiço, que.....
Mas estava a fazer muitas outras coisas: a planear dias, épocas e atividades, a coser roupa e a reutilizar coisas que tinha acumulado num monte, a passar a ferro o monte de roupa, a reorganizar espaços domésticos, a planear com o marido as próximas obras/melhorias que queremos fazer em casa, planear aniversários, a pôr trabalho (do meu "emprego") em dia, a ler e apagar os mil e tal emails que tenho por abrir, a...
Eu esqueci-me DELE! Como é que aconteceu? No momento que entendi isto, tive a consciência do vazio dentro de mim!
E desde essa noite até hoje tenho estado a tentar retomar o nosso caminho, devagar, lutando contra esta "secura!" Deserto: vazio e secura!
Ontem, dia santo, é o dia de ir à missa. Não nos levantámos a tempo para ir à Eucaristia habitual. Mas, quase por uma questão de princípio, senti que deveríamos pelo menos ir à missa, continuar a ir à missa!
Fiz uma pesquisa na net e descobri que tínhamos a missa dominical da localidade onde vivemos às 10h30.
Chegamos com 5 minutos de atraso. O Sr. Padre estava a batizar uma criança. Fiquei confusa. Estão no momento do batismo?
Saí da Igreja, com o meu filho nos braços, e perguntei a que horas tinha começado a missa. Um Senhor respondeu-me que tinha iniciado às 10h00. Olhei para o meu marido e, em imediato, dirigi-me para o nosso carro. Ele, atrás de mim, pergunta-me porque é que pelo menos, não ficamos até ao fim. Eu disse-lhe que temos na missa Sé às 11h. Se formos já conseguiriamos chegar (mais ou menos) a tempo.
O meu marido informa-meque o carro está sem gasóleo. Fiquei para morrer! Eu entrei no carro e não disse mais nada, completamente desanimada! Perdi-me em pensamentos de outro mundo, rendida às circunstâncias.
- Lena, queres ir ou não?
O James "acorda-me".
Olho para o relógio: 11h05. Ok. Comecei logo a dizer-lhe onde é que ele poderia estacionar.
Voltámos a tirar o Xavier do carro - completamente baralhado!
Ao entrar na catedral, pela nave lateral (do coro) apercebo-me de olhares estranhos, e dou-me conta que é o momento do ofertório.
Sento-me, sem acreditar! Calculei (rapidamente) que a missa teria começado às 10h30!
Desta vez, deixei-me estar até ao fim, completamente rendida e com uma grande sensação de frustração.
Depois de toda a gente sair, no fim da cerimónia, para nós falarmos. Corrijo, não falámos.
Passado um bocado, começamos a visitar todo o espaço, mostrando ao Xavier aquela grande igreja.
No serão, a propósito de outra coisa, James comenta como Deus nos tinha feito suar!
Fiquei a pensar naquilo!
Quem nos conhece e se lembre, já deve ter percebido que é habitual "descarrilarmos" nesta altura.
Deus, melhor do que ninguém sabe disso e, de cada vez, voltou a recebermos-nos de braços abertos.
Mas desta vez, ele deu-nos uma (grande) lição.
E foi bem merecida! Depois de tantas maravilhas que Deus fez nas nossas vidas, deveríamos já saber melhor!