Viver juntos
Eu e o James, eu portuguesa e ele canadiano, encontrámos-nos no site, http://www.clubeamizade.pt .
Fui lá agora espreitar mas, pelo menos aparentemente, o site está diferente. Não sei se, na sua funcionalidade continua o mesmo, mas na altura, uma rapariga poder-se-ia inscrever, sem custos. Preenchíamos uma série de perguntas e colocávamos uma foto. Depois poderíamos receber mensagens ou "flores". Tinha um chat com conversa online (em tempo real) que a qualquer momento aparecíamos e começávamos a conversar com quem estivesse (com a possibilidade de consultar o perfil de cada interlocutor a qualquer momento).
Em determinado momento, não sei bem como, eu estava a falar com um suposto homem, que supostamente falava muito mal português, que supostamente a língua natural era o inglês, e que supostamente vivia em Aveiro.
Durante diversos dias, semanas, eu continuei a conversar com ele. Fiquei cheia de curiosidade e intrigada. A história parecia-me muito estranha. Fiquei muito curiosa (seria treta ou não?) fui continuando a conversar. Até era giro treinar o meu péssimo inglês. Afinal, a minha única negativa que tive no meu percurso escolar foi em inglês.
Na altura achei uma pena a conversa não ser em francês, já que eu tinha sido sempre aluna de 4s e 5s.
Ele contou-me que, supostamente, estava a divorciar-se (o que eu achei que era outra "peta", para disfarçar a sua condição de casado) de uma mulher portuguesa. (Supostamente) Ele conheceu-a em Toronto, tendo eles namorado em diversos períodos da juventude. A um determinado ponto, a família dela decidiu regressar "definitivamente" a Portugal, e ela viria também. Jovens, e com "o sangue na guelra", decidiram casar no espaço de uma semana. A família dela só permitiria que ele a acompanhasse se estivessem casados e pela Igreja. Assim, o casal tratou de todo o processo e em 5 dias casaram.
Viveram felizes em Portugal durante vários anos. Depois tiveram um problema grave que não conseguiram ultrapassar. A esposa separa-se e pede o divórcio.
Ele, sem família em Portugal, ficou em compasso de espera. Tinha um trabalho, uma casa e alguns amigos, um hobby (modelismo) em Portugal, e a mãe a pedir para ele regressar rapidamente.
Nesse período, eu e ele encontrámos-nos no dito site.
Começamos a encontrar-nos para pequenos cafés. Muitas histórias engraçadas surgiram desses encontros. E a nossa relação cresceu e aprofundou-se.
Eu, nessa altura grande fumadora, decido parar de fumar. Ele, asmático, incomodava-o o fumo.
Passado um ano decidimos viver juntos. Ele era divorciado, eu solteira. Ele e eu éramos católicos mas não poderíamos casar pela Igreja.
E assim começou a nossa vida em conjunto, para "mal dos pecados" da minha sogra.
Eu tinha saído de casa dos meus pais há 4 anos atrás, e vivia sozinha num T2. Os meus pais, emigrantes desde os meus 3 anos, tinham regressado passados 23 anos.
Eu, que tinha crescido com a minha avó, senti estranheza ao viver com eles. Depois de 2 anos decidi, com um pedido de empréstimo ao banco, comprar um apartamento: T2.
Ele arrendou a casa dele e veio viver para o T2.
Eu, que era (e sou) catequista, passados alguns meses, tive a coragem de abordar o assunto com o meu Padre. Disse-lhe que estava a viver com o meu namorado, que era divorciado.
O Sr. Padre decidiu vir jantar connosco para o conhecer e saber mais de "nós".